Bem nascida, renasço das cinzas

O que seria de uma escritora aprendiz sem um pouco de história verídica de vez em quando, não é? Por isso mesmo, hoje a história é da minha vida.

Sempre acho que nasci em outro século. Em outra era. Em outro mundo. Sou feita de coisas que não existem mais. Sou feita de fazer cartucho funcionar na base do sopro. Vim de um mundo onde não era preciso ver mulheres promíscuas na balada enchendo a cara e bancando as lindas. No meu mundo ninguém por saber que a primeira teoria da vida era Adão e Eva, ficavam totalmente indignadas e na hora já falariam algum palavrão.

Mas começando "pelo começo", eu quase não nasci, explico. Minha mãe, estava no seu sexto mês de gestação quando deu uma louca na cabeça dela de andar de bicicleta. Tudo bem até um certo momento. Quando se atravessou na frente de um carro e caiu. Foi ao hospital, logicamente, e o que aconteceu? Descolamento de placenta, ameaça de aborto.

 Muitos conhecidos da minha mãe falavam: "mas que Deus é este que tu serve? Não saí da igreja e agora ele permite que tu perca sua filha? Não o quero para mim". Meus pais até entendiam, mas se fosse na vontade dele, é porque alguma coisa ele queria com aquele fato, não? Minha avó, era católica, fumante e etc. Foi uma das que mais executou Deus de primeiro momento. Mas resumindo, ela queria mudar de médico, não suportava a ideia de que eu estivesse morta. Dias se passaram, Pastor Paulo da igreja Assembléia de Deus, atual igreja dos meus pais na época, foi na minha casa com alguns amigos, e orou na barriga da minha mãe.
 No dia seguinte, minha avó disse para meu pai: "Se Deus existe mesmo, ele que faça o bebê nascer, sã e salvo". O que aconteceu? Três meses depois nasceu um bebê de 2.500 KG, linda, maravilhosa e recebeu o nome de: Aline.

 "Certamente Deus já estava lá do céu a gritar: Aline você vai um dia me servir" ♪

Agora dá pra entender um pouco sobre a minha crença em Deus? Não é porque não o conseguimos ver, que ele não existe. Não é porque ele não explica muitas coisas que ele não é maravilhoso. Afinal, ele não veio pra explicar e sim, confundir. Não é porque você, diz que ele não exista que ele vai deixar de te amar. Ele é tão maravilhoso que nos deu o direito de acreditar ou não nele. De fazer o que for da vontade dele, ou não. Mas vamos continuar a babaquice de quando era pequena, barbies e comandos em ação faziam parte do mesmo universo, em histórias em que as bonecas ganhavam roupas de heroína costuradas à mão, inspiradas no uniforme da Patrine. Mas bonecos não precisavam ser 3D. Às vezes, Batmans e Cebolinhas eram recortados das revistas em quadrinhos e viravam personagens de histórias inventadas e contadas ao vivo.

Hoje não estranho pessoas movendo o corpo todo para jogar videogame, por mais que fosse motivo de zoação, antigamente, alguém acompanhar o pulo do Sonic com o controle ou dobrando a língua. Hoje pesquiso na internet com a mesma facilidade com que antes eu resolvia as atividades do Almanacão de Férias da Turma da Mônica. Hoje sou uma pessoa diferente. Mas meus joelhos calejados de LEGO não me deixam esquecer de onde vim.